Entrevista com o Diretor Executivo do MMB, Henrique Fontes, para site o MBonB.com
MBonB: Como começou o seu interesse pelo Mundo Miss?
Henrique Fontes: Como muita gente da minha geração, começou na "era Silvio Santos". Tinha 9 anos quando vi a Adriana Oliveira ser finalista do Miss Universo (meu primeiro concurso) e passei a acompanhar tudo desde então. 1981.
MBonB:Naquela época você imaginava um dia trabalhar com a organização de concursos de beleza?
Henrique: Não, era um hobby, que se intensificou quando criei o Global Beauties, em 1999, e as coisas foram acontecendo. Organizar concursos foi uma oportunidade que surgiu, não tinha nada a ver com as atividades que eu vinha exercendo (comércio exterior). Tive que aprender tudo do zero.
MBonB: Você é o único responsável pelo site Global Beauties? Quem elege as favoritas nas coberturas que o site realiza pré-concursos?
Henrique: Não. Tem o meu sócio Ed Dominguez, que está no Panamá, e dezenas de colaboradores em vários países. As favoritas nas coberturas do GB eram escolhidas por fãs de concursos de todo o mundo que faziam parte do Pageant Cafe, um "board" fechado. Eu não era sequer responsável pela contagem dos votos. Começando no Miss Mundo 2010, decidimos não ter mais o famoso "leaderboard". O site agora é mais interativo, as pessoas deixam suas opiniões. Seguiremos publicando fotos, curiosidades, notícias, opiniões pessoais, e cada um faz a sua própria lista de favoritas.
MBonB: Como a franquia do Miss Mundo foi parar em suas mãos?
Henrique: Em dezembro de 2005 recebi um e-mail de um amigo que realiza um concurso nacional. Próximo aos organizadores do Miss Mundo, ele ficou sabendo que eles estavam em busca de novos licenciados em países que pouca atenção davam ao concurso e/ou que enviavam a segunda colocada, o que era o caso do Brasil. Me perguntou se eu conhecia alguém para indicar. Fiquei de pensar. Pensei, pensei, me lembrei de diversas situações desagradáveis que aconteceram na última cobertura que fiz do concurso Miss Brasil Universo no Rio de Janeiro e que me fizeram ter certeza que não tinha nenhum amigo ali, e me veio a ideia de eu mesmo tentar. Fizemos uma equipe, e mandamos a proposta para a Julia Morley. Fui a Londres, conversamos, e passamos a realizar o Miss Mundo Brasil. Comecei cheio de ideias, ingenuamente pensava que tudo seria fácil, fluiria naturalmente. Nada nesse "mundo miss" é fácil. A concorrência desleal, os tropeços, as fofocas maldosas e mentirosas, fora os problemas que surgem naturalmente na organização de um evento. Mas vale a pena! É muito bom poder fazer algo com paixão e oferecer às meninas que sonham em ser Miss Brasil uma alternativa, um concurso 100% honesto, que valoriza a mulher completa, que vai muito além da "Barbie" plastificada. Ninguém vai ser capaz de encontrar trapaças, prostituição, suborno, etc. E o nosso compromisso com as misses, coordenadores, e todos aqueles que nos prestigiam, é permanecer sempre assim, mesmo que no futuro os patrocinadores sejam maiores, com uma tv aberta. É muito bom também poder trabalhar com a Julia Morley, uma mulher que já provou sua lealdade em diversas ocasiões e a quem admiro muito. Já ofereceram a ela 5 X o valor que pagamos pela franquia todos os anos, e a resposta dela foi rápida e direta: “Não. Estamos muito satisfeitos com o trabalho dos nossos atuais licenciados”. Quem a acusa de ser mercenária, não a conhece.
MBonB: Soube que você era muito próximo do Boanerges, Nayla, enfim, dos organizadores do Miss Brasil Universo, inclusive sendo jurado no começo dos anos 2000. A amizade acabou quando você conseguiu a franquia do Miss Mundo? Já tinha terminado antes disso? Qual a razão?
Henrique: Conheci a Nayla no Miss Universo 1997 e o Boanerges pouco depois disso, no Miss Brasil 1998 e no casamento da Maria Joana (Miss Brasil Universo 1996) em Miami. Nos tornamos amigos, eram pessoas muito bacanas e divertidas. Os tempos mudaram, as pessoas mudaram, e a amizade não existe mais. Posso dizer que antes de adquirir a licença do Miss Mundo, a amizade já havia esfriado bastante por motivos diversos que prefiro não comentar.
MBonB: As duas representantes do Brasil (Universo e Mundo) engordaram consideravelmente em seus respectivos concursos internacionais. O que você acha disso?
Henrique: Kamilla antes de viajar para a China teve uma infecção urinária. Viajou doente, inchada. Sempre deixei claro para ela que, mesmo que custasse uma classificação ou o título, a saúde dela vinha em primeiro lugar. Infelizmente aconteceu em um momento delicado. Ainda assim, apesar de não ter se classificado, foi considerada favorita nas bolsas de apostas de Londres, representou bem o nosso país. Quanto à Débora, não posso comentar sem saber o que aconteceu com ela.
MBonB: O que acha da Miss Brasil Universo 2010, Débora Lyra?
Henrique: Conheci a Débora Lyra por acaso caminhando em um shopping center em Porto Alegre. Conversamos rapidamente. Achei ela muito simpática e uma mulher realmente linda.
MBonB: Qual a razão para a faixa de Kamilla Salgado constar Miss Brasil e não Miss Mundo Brasil?
Henrique: A razão é simples: ela é a Miss Brasil para o Miss Mundo. Sugiro você perguntar a certos organizadores porque chamam a sua Miss de "Oficial". Oficial de quem? Isso sim é uma tremenda falta de respeito com os demais concursos, todos legítimos, todos oficiais. Se não me engano, só no Brasil existe isso. É lamentável uma vez que estão enganando as pessoas.
MBonB: Defina com uma palavra: Jane Borges, Regiane Andrade, Tamara Almeida, Luciana Bertolini, e Kamilla Salgado.
Henrique: Jane Borges - Carisma
Regiane - Doçura
Tamara - Luz!
Luciana - Paz
Kamilla - Eletricidade!! (risos)
Todas muito diferentes entre si, mas especiais.
MBonB: Não vou perguntar sobre a sua organização porque sei que não vai responder. Mas qual a miss da Gaeta para o MU ou do José Alonso para o Terra que você considera a melhor?
Henrique: Do Zé Alonso sem dúvida nenhuma a Priscilla Meirelles, quem por algum motivo não brilhou no Miss Brasil, mas depois conquistou com méritos o título de Miss Terra. Da Gaeta, acho a beleza da Gislaine (2003) imbatível, mas no conjunto, minha favorita é a Rafaela Zanella. Rafaella é inteligente, dedicada, uma mulher extremamente interessante. Na preparação dela para o Miss Universo inclusive procurei ajudar, aconselhando um livro, que ela até mencionou no vídeo publicado no site do Miss Universo, e dando dicas de inglês. Essa é uma "Beleza com Propósito", uma que poderia ter se destacado no Miss Mundo por ir muito além da página 8!
MBonB: Sua organização vai atrás de candidatas da Gaeta?
Henrique: Nossa organização (é bom deixar claro que somos vários nessa luta, além de mim estão o Chris, o Luís, a Carla, e colaboradores e amigos importantes como o Budal, o Falcão, o Paulinho, Chuchú, Roberta e tantos outros) vai atrás de candidatas de qualidade. Já conversamos com algumas, mas a grande maioria nos procura, seja por se sentir injustiçada em outro concurso, seja simplesmente por correr atrás de uma nova oportunidade.
MBonB: Falando em candidatas da Gaeta, porque Denise Ribeiro e Khrisley Karlen não entraram nas semifinalistas para a surpresa e revolta de muitos?
Henrique: Porque não obtiveram pontuação suficiente para isso. Uma ficou em nono, a outra em décimo lugar. É importante deixar claro que o Miss Mundo Brasil é um concurso diferente, que valoriza outros aspectos. A entrevista preliminar, por exemplo, teve um peso de 40%. Cada concurso é uma história. Terem sido finalistas em outro concurso não quer dizer que tinham vaga certa na final do Miss Mundo Brasil. Todas as 7 finalistas mereceram muito ter chegado à final. A Karine Martins, que representou o Maranhão, ficou em oitavo lugar, à frente das duas. Competiu no Miss Brasil Universo como Miss Paraná no mesmo ano que Khrisley e Denise, e ficou no Top 10, atrás das duas. Suymara, quem por sinal deu um verdadeiro show na entrevista e em todos os seus desfiles, chegou ao terceiro lugar no MMB depois de ter parado no "top 10" do Miss Brasil Universo. Concursos diferentes, critérios diferentes, momentos diferentes, JURADOS diferentes, nada mais natural que os resultados não fossem os mesmos. Mas entendo os fãs, faz parte e a torcida delas era grande entre os "missólogos", que se baseavam no que viram no Miss Brasil Universo.
MBonB: Não acha muito pouco tempo realizar seu concurso geralmente com 2 meses de antecedência do internacional?
Henrique: Já pensamos muito sobre isso, até já se cogitou fazer um ano antes. Porém, a proximidade com o Miss Mundo faz com que não se perca o calor do momento, o interesse da mídia e das pessoas em geral. Mas quem sabe, isso é algo que sempre questionamos e que poderá mudar. O que posso garantir, é que mesmo com o tempo reduzido, fazemos o possível para que a candidata tenha uma preparação adequada, sempre dentro das nossas possibilidades, mantendo os pés no chão.
MBonB: Em sua maioria, misses brasileiras quando abrem a boca perdem um pouco o encanto. Em sua opinião, o que poderia ser feito/corrigido num espaço de tempo relativamente pequeno com relação a deficiência de conhecimento/cultura?
Henrique: As misses brasileiras, vírgula! (risos). Brincadeiras a parte, veja o histórico das nossas vencedoras, todas as cinco sem exceção, e procure entrevistas com elas em vídeos, bate-papos, matérias em revistas. Todas se destacaram por irem além da página 8 do livro, o que muito nos orgulha. Jane, Regiane, Tamara, Luciana e Kamilla são mulheres com as quais você pode levar um papo legal, sobre uma grande variedade de assuntos. São antenadas, viajadas, inteligentes, o que chamou a atenção de publicações como VEJA e ISTO É, que geralmente, se falam de misses, é para debochar. Isso porque deixamos claro que é este o perfil que buscamos. As que não se preparam, ficam pelo caminho. Isso explica muitas desclassificações "inesperadas" no Miss Mundo Brasil. Para nós, beleza vai além de cirurgias plásticas (nenhuma das 5 passou por cirurgias enquanto Miss Mundo Brasil) e futilidades. Não há como corrigir isso em tão pouco tempo e, acredito eu, tampouco em um ano. Ainda assim, procuramos informar as candidatas sobre os países onde concorrerão, costumes locais, palavras-chaves no idioma local.
MBonB: Se pudesse dirigir o Miss Mundo o que mudaria nele?
Henrique: Mudaria o evento final. Acho o Miss Mundo um concurso espetacular, completo. Tem uma incrível variedade de países, as provas "fast-track", que mostram que a beleza também está na prática do esporte, no talento, no trabalho voluntário, fantásticas, a Miss Mundo angaria milhões de dólares para obras de caridade, e por aí vai. Porém, acho que o evento final tem deixado a desejar nos últimos anos em dinâmica. Falta uma competição semifinal e mais visibilidade às candidatas. É o que eu mudaria. Traria as grandes produções do final dos anos 1990 e começo dos 2000 que fizeram o Miss Mundo evoluir tanto.
MBonB: De todas as suas candidatas e de todos os concursos que você as enviou, qual o resultado que achou mais injusto?
Henrique: A Tamara merecia pelo menos o segundo lugar no Miss Mundo 2008. Ela foi impecável em todos os sentidos. Tamara, além de linda, é sinônimo de elegância, classe, disciplina, lealdade, paciência (risos). A participação dela no Miss Mundo foi irretocável. Aliás, o reinado dela foi irretocável. Vou contar uma situação para vocês: quando chegamos ao jantar de coroação do Miss Mundo, primeiro enfrentamos uma fila de candidatas que abraçavam a Tami para parabenizá-la e dizer que ela deveria ter ganho, ou chegado mais longe. Quando chegamos na nossa mesa, vi um grupo de garçonetes apontando na nossa direção, saltando, sorrindo e de repente correndo até onde estávamos... Até olhei para trás para ver se alguma celebridade estava por ali. Mas não. De repente, todas elas, em grupo, abraçaram a Tamara, algumas chorando. Tamara me apresentou uma por uma, pelo nome de cada uma, e aos prantos aquelas sul-africanas me diziam: "Ela deveria ser a Miss Mundo! Ela é um anjo! Em todo esse mês ela nos chamava pelo nome, sempre agradecia, nos abraçava, nos tratava como gente, o que quase nenhuma outra fazia. Brazil we love you!!". E nisso a organizadora do evento chegou ordenando que elas voltassem a trabalhar. Acho que não preciso dizer mais nada. Essa é, em minha opinião, a essência de uma verdadeira Miss. Com ela, nunca teve tempo ruim, mau humor, má vontade, nem nos momentos mais difíceis. Lá fora, os missólogos amam a Tamara. Acho tristes e injustos muitos dos comentários que já li de missólogos brasileiros. Para completar, quando finalmente conseguimos chegar perto da russa, que acabava de ser eleita Miss Mundo, ela abraçou a Tamara e disse para todos que estavam por perto: "She is my Miss World, I love this girl!". Acho que a russa mereceu vencer, mas a nossa Tammy merecia uma classificação melhor. Também esperava que Regiane e Kamilla se classificassem, e comemorei demais os resultados da Jane e da Luciana.
MBonB: Já teve vontade de destituir uma Miss ou Mister por algum ou vários motivos?
Henrique: Nunca tive vontade de destituir nenhuma Miss. É claro que já tivemos problemas, ser miss não é fácil, ser organizador de concurso, também não (risos), mas sempre se chegou a um denominador comum através de conversas francas.
MBonB: Sobre suas franquias internacionais, porque na maioria das vezes são convidadas Misses, digamos assim, não tão belas, e outras com reais chances não são lembradas? Fora que algumas delas são enviadas a mais de um concurso.
Henrique: Por questão de agenda, de vontade, de preparação, de perfil. Tentamos sempre mandar pelo menos todas as nossas finalistas à concursos internacionais, mas muitas vezes o trabalho, os estudos, ou falta de vontade mesmo, fazem com que passemos a bola pra frente. Às vezes enviamos uma mesma candidata a mais de uma concurso pela qualidade, preparação, profissionalismo de tais candidatas. Enfim, por merecimento.
MBonB: É verdade que você foi um dos pioneiros na criação de um voy? Ele ainda existe? Se não, qual o motivo de não ter continuado?
Henrique: Sim, é verdade. No final da década de 1990 criei o Marta Rocha Café, se não o primeiro, um dos primeiros "voys" brasileiros. Ele passou a se chamar Miss Brasil Message Board, e em certo ponto deixei de ser moderador (não por vontade minha). Quando percebemos (eu e vários amigos) que o espaço não era mais o que havia sido, criamos este espaço, em setembro de 2004 (Originalmente o João Ricardo, o Alberto Dubal, o Arthur Coelho e eu). Quando assumi o Miss Mundo Brasil, deixei de moderar, até mesmo por uma questão de ética. Fico feliz que hoje com o João e o Alexandre o Bombom continua firme e forte, melhor que nunca, e como sempre, 100% democrático, sem manipulação de enquetes, e por aí vai.
MBonB: Há comentários que você interfere no voy MBonB, é verdade?
Henrique: Pergunte a quem está me entrevistando (risos). Tenho amizade com João e Alexandre, duas pessoas que considero muito, mas não acredito que esta amizade interfira. Já vi críticas pesadas ao MMB e a mim no MBonB. Faz parte.
MBonB: Quando os concursos (Miss e Mister Mundo Brasil) serão transmitidos em TV aberta?
Henrique: Essa é uma luta constante, podem acreditar. Não é fácil. Envolve muitas coisas, muitos interesses, e até mesmo o desempenho de concursos concorrentes. As pessoas acham que concurso é aquilo, se baseiam nos números de audiência pífios de tais concursos, e acham que o investimento seria muito arriscado. Continuamos lutando para colocar ambos os concursos na TV aberta. Somos os maiores interessados, podem acreditar!
MBonB: Qual ou quais as maiores dificuldades que sua organização tem hoje?
Henrique: Produzir concurso de beleza no Brasil não é fácil. Ao contrário do que já fomos acusados, jamais tivemos alguém com grana bancando o concurso, tudo é feito com muito trabalho e suor. Cada conquista é comemorada. Duas grandes dificuldades são a falta de interesse da TV aberta, e consequentemente, de patrocinadores fortes. Ainda assim, produzimos um concurso de qualidade, e os resultados em concursos internacionais têm sido muito bons. Isso sem falar em uma exposição de mídia que o Miss Mundo jamais havia tido no Brasil até 2006. Caras, os principais portais de internet, programas de TV, jornais, revistas. Temos um histórico de divulgação de mídia extremamente positivo. Falta a TV aberta.
MBonB: José Surugipe, 38 anos, de Cosmópolis manda o seguinte recado:
Quero parabenizá-lo por seu esforço e trabalho junto a organização do MBM, preparando Misses para que possam brilhar mundo afora. se sobressaem nos certames, é o sonho de todos nós, amantes de concursos, feito em realidade.
Henrique: José, muito obrigado! Tenha certeza que o nosso esforço e dedicação são totais. Os bons resultados são consequência disso. Sabemos que ainda temos um longo caminho a percorrer, e queremos muito mais, principalmente ter uma segunda, uma terceira, uma quarta Miss Mundo brasileira em breve!
MBonB: Nós, do MBonB, gostaríamos de agradecer pela entrevista concedida com exclusividade. Algum recado que gostaria de deixar para os nossos frequentadores?
Henrique: Em nome da família MMB agradeço ao MBonB pela oportunidade, a todos que enviaram as perguntas, e a todos que acreditam no nosso concurso. Estamos sempre na busca de melhorar, de realizar um concurso mais completo, mais interessante. As críticas e dicas de vocês serão sempre apreciadas. Deixo aqui um endereço eletrônico (infos@missmundobrasil.com.br) para que mandem sugestões. Garanto que todos os e-mails serão lidos, considerados e respondidos. E vamos em frente!
Fonte: voy MBonB
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